Silêncio no Caos é o nome do novo álbum do multi-instrumentista, arranjador e compositor Alisson Amador. Disponível nas principais plataformas de streaming de música e no Bandcamp, o disco autoral lançado em outubro possui 13 faixas com solos de violão, vibrafone, viola caipira e percussão. Além dos solos com instrumentos diferentes e estilos musicais diversos, o álbum traz ainda uma fala musicada do grande pensador e ativista Ailton Krenak.
Alisson conta que o disco é uma parcela das suas diversas áreas de atuação, mas é o trabalho em que mais tem liberdade. “Tocar e compor sozinho traz essa vantagem, podemos voar para onde quisermos, podemos arriscar mais, se der algo de errado a responsabilidade é toda nossa e gosto dessa sensação”, diz.
O músico mantém uma atividade musical intensa que transita em muitos gêneros musicais como samba, choro, música instrumental brasileira, música orquestral, canção e música contemporânea. Atualmente, possui mais 380 composições para diversas formações e vertentes musicais.
Alisson é “cria da EMESP”. Estudou na instituição durante 10 anos e se formou em violão popular. Possui graduação e mestrado em música (percussão) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), e atualmente faz doutorado na mesma instituição sob a orientação de Carlos Stasi.
Quer saber mais sobre o disco Silêncio no Caos e conhecer a trajetória do Alisson na música? Confira na entrevista abaixo!
O que o público pode esperar do álbum Silêncio no Caos?
Alisson Amador: Trata-se de um disco autoral composto por vários solos. Então vocês vão encontrar solos de violão, vibrafone, viola caipira e percussão. Além disso, musiquei uma fala do grande pensador e ativista Ailton Krenak. A última faixa do disco é uma composição para voz e violão. O disco é uma parcela das coisas que trabalho. Posso dizer que é o trabalho que mais tenho liberdade. Tocar e compor sozinho traz essa vantagem, podemos voar para onde quisermos, podemos arriscar mais, se der algo de errado a responsabilidade é toda nossa e gosto dessa sensação. As pessoas que ouviram o disco concordam em dizer que ele é muito profundo, os títulos e os sons sugerem reflexões, ajudam a silenciar os sons internos, os pensamentos. Quando escrevo para alguém falando do disco sempre peço para que a pessoa pare um pouco para ouvir na calma e no silêncio, essa é a proposta. Mas é apenas uma proposta e podemos escutá-lo de várias maneiras e em ambientes diferentes.
Poderia contar um pouco sobre a concepção do disco?
Alisson Amador: A maioria das músicas foram compostas durante minha graduação em percussão pela Unesp. Toquei essas músicas no meu recital de formatura em 2015 e foi neste ano que comecei com a ideia de gravar este disco. Mas passei por muitas dificuldades financeiras, sempre surgia algo mais “urgente” e eu gastava o dinheiro. Tem o lance também de trabalhar para as outras pessoas porque isso me dá um retorno financeiro e com isso acabava as energias para fazer o meu próprio trabalho. O lance de trabalhar num disco solo é que temos que ficar o tempo todo sonhando, ninguém pode fazer isso por nós. Quando estamos em grupo, as pessoas vão se ajudando e dando aquele gás coletivo para gravar.
Pensei em um disco que mais me representasse, por isso concebi ele híbrido em vários sentidos. São instrumentos diferentes com estilos musicais diversos. Minha vida musical sempre foi assim diversa, tocando com orquestra, tocando em bares, produzindo e/ou fazendo shows. Gravei as músicas em janeiro deste ano em um estúdio que fica na Zona Leste (Artur Alvim). Um amigo querido é o dono deste estúdio e ele fez um preço para me ajudar porque toda a grana para a realização deste projeto eu mesmo que tive que “levantar”.
Além do lançamento do disco, está trabalhando em outros projetos?
Alisson Amador: Estou mais parado na pandemia com relação às performances ao vivo, mas sigo trabalhando bastante em casa dando aulas, produzindo músicas, compondo e pesquisando para o meu doutorado. Lancei um disco ano passado com uma banda chamada Caio Chiarini e a Contrabanda. Estou produzindo um livro com partituras autorais junto com meu querido amigo Leandro Tigrão, a ideia é lançar no ano que vem junto com um disco de choro. Além disso, trabalho como coprodutor dos eventos do Instituto Juca de Cultura, mas ainda não retomamos nossas atividades devido a pandemia.
Qual é a sua formação musical? Qual é a importância da Emesp nesse processo?
Alisson Amador: Tenho formação em violão popular pela Emesp e foi lá que estudei com Camilo Carrara e com o Conrado Paulino. Tenho graduação e mestrado em música (percussão) pela Unesp. Atualmente estou cursando doutorado nesta mesma instituição sob a orientação de Carlos Stasi. Também posso dizer que trabalhei muito na “rua”. Não posso falar que sou formado porque isso nunca acaba, mas acho importante falar sobre isso, mostrar que a rua contribuiu muito para minha formação musical.
Estudei na Emesp dez anos seguidos 2008–2018. Fiz a formação em violão popular e participei de vários cursos livres. Para mim, a Emesp é sem dúvida a escola de música popular mais importante de São Paulo e uma das mais importantes do Brasil. Gosto muito das pessoas que frequentam essa escola, professoras, professores e estudantes. Fiz amizades especiais lá. Outra coisa que gosto muita da Emesp é o equilíbrio entre aulas teóricas e práticas. Quem faz a escola são as pessoas que estudam nela e este é um ponto importante que vivi na Emesp e em outras escolas também, o ambiente fomentado por musicistas que estão a fim de estudar pra valer. Isso é o que mais nos dá energia pra estudar.
Bom, pra falar da importância da Emesp na minha formação tenho que apelar para os números. Tenho 33 anos e toco violão desde os 12 anos. O resumo é: estudei 10 anos da minha vida na Emesp. Sou praticamente um filho desta escola ou como algumas pessoas falam “cria da Emesp”. Eu gosto muito dessa escola, falo para as pessoas, incentivo alunas e alunos a entrarem e sempre que posso estou em contato com pessoas que trabalham lá. Tenho uma formação musical longa e nunca parei de estudar em instituições gratuitas. Cada uma delas formam a base da minha formação e a Emesp é definitivamente um desses pilares. Quando temos uma estrutura boa, uma base firme, conseguimos construir coisas grandes que nos trazem satisfação pessoal e isso reverbera para o mundo.
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