Aos 25 anos, Gilvan Calsolari não esperava que um dia sua arte o levasse tão longe. Chefe do naipe de violas da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo (OJESP) — grupo ligado à Escola de Música do Estado de SP (EMESP Tom Jobim) —, Gilvan recebeu uma oportunidade única: participar da International Summer Academy, residência artística do Collegium Musicum, localizado no Palácio de Weissenstein, em Pommersfelden, município da Alemanha. Como essa oportunidade surgiu, no entanto, é ainda mais surpreendente.
O jovem músico iniciou sua carreira na Orquestra Experimental de Repertório, do Theatro Municipal de SP, e integrou a Academia de Música da OSESP. “No meio dessas conquistas, teve muita luta e suor, estudo e dedicação”, ressaltou. Mas estudar na Escola de Música do Estado sempre esteve em seus planos. “A EMESP apareceu muito cedo na minha vida como principal referência de ensino. Quando de fato passei no processo seletivo, me senti abraçado tanto pelo corpo dos professores como pela direção”.
Já como musicista da OJESP, Gilvan participou de diversos eventos, e em 2020, esteve nos ensaios do festival Música em Trancoso, na Bahia, onde teve seu solo assistido e elogiado por Lorenz Nasturica-Herschcovici, famoso violinista e atual spalla da Orquestra Filarmônica de Viena. “Lorenz adorou a forma como eu toquei e pediu ao Mozarteum Brasileiro — associação cultural organizadora do festival — para que eu fosse contemplado com a bolsa para a Summer Academy. Além de pedir para que eu fizesse teste na Academia de Música da Orquestra Filarmônica de Munique, também na Alemanha”.
Contudo, devido a pandemia de COVID-19, o festival em Trancoso foi adiado às vésperas da inauguração, e a residência artística do Collegium Musicum foi suspensa por tempo indeterminado. Com isso, os planos de Gilvan também foram ficando cada vez mais distantes. “Confesso que não sabia se eu seria contemplado novamente. Ser notado por um dos maiores violinistas do mundo é literalmente de ficar sem palavras, mas dois anos se passaram e a idade bateu. Muitos novos e bons músicos apareceram no cenário musical nesse período”.
Após tanto tempo de isolamento e incertezas, a vacina possibilitou a retomada aos eventos presenciais e Gilvan foi contatado para iniciar sua residência em julho deste ano, durante o verão alemão. “Eu ganhei umas das maiores bolsas que um jovem músico pode ter aqui no Brasil. Desde passagens aéreas a hospedagem e alimentação. Vou participar de masterclasses e integrar orquestra com os mais renomados maestros e professores da Europa. Vou ter contato com o mundo inteiro e será uma explosão de informação. Adoro essa sensação”.
O International Summer Academy é um dos maiores portões para bolsas em instituições no continente europeu. O evento é conhecido como o terceiro mais antigo do gênero na Europa, iniciado em 1958. Gilvan estudará até 7 de agosto, quando voltará ao Brasil com toda a bagagem cultural adquirida. Mas já de hoje, o jovem músico pretende agradeces a todos que possibilitaram essa trajetória compartilhando o conhecimento adquirido. “Sou grato a Deus, a minha família, meus professores, a OJESP, a EMESP e ao Mozarteum, em especial ao Maestro Carlos Moreno — que sempre se fez luz no caminho de muitos músicos. A EMESP me acolheu, me aconselhou quando precisei, me ajudou em momentos dificílimos e hoje me dá inúmeras oportunidades. Com todo esse carinho eu tive força de acreditar que eu poderia fazer algo nessa proporção, e espero trazer muitas experiências boas para meus alunos, colegas e amigos da profissão”.
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