Voz, em todos os sentidos, é a palavra que melhor define Joyce Bastos, bolsista do Coral Jovem do Estado de São Paulo, grupo ligado à EMESP Tom Jobim. Mesmo que autodeclarada tímida e com apenas 22 anos, é impressionante perceber o talento, a técnica e o impacto de sua voz durante o canto. Ao mesmo tempo, fora dos palcos, sua voz representa o sonho de centenas de jovens que, como ela, buscam viver profissionalmente de música com reconhecimento e dignidade.
Recentemente, Joyce foi aprovada para estudar no Universidade de Música da Basiléia, na Suíça, notícia comemorara por todos que acompanham sua carreira. Mas a jornada que a levou a este resultado começou ainda na infância, aos 9 anos, na zona leste de São Paulo. “Desde nova, eu já gostava muito de cantar. Minha mãe precisava trabalhar em período integral e tinha a demanda de que eu ficasse ocupada em algum local. Pela cunhada dela, ela soube do projeto Guri e me inscreveu no polo do CEU Rosa da China”, relatou.
Foi no Guri que Joyce aprendeu os fundamentos do canto e desde então não parou. “Com 12 anos, participei do Coral Juvenil do Guri. Aos sábados tínhamos aulas da EMESP e eu comecei a adorar o lugar. Aos 13 anos, comecei a estudar na escola cursando o 2º Ciclo de Canto Popular, mas com 16 anos fui num concerto erudito do Coral Jovem do Estado e tive a honra de assistir a soprano solista, Marília Vargas, cantando Carmina Burana. Fiquei encantada.”
Sua paixão recém descoberta pela música erudita a levou a pedir diretamente à Marília que lhe desse aulas, e logo foi transferida de curso. Com a nova professora, alçou voos ainda maiores, integrando o Coral Jovem do Estado em 2018 e participando de grupos formados pelo Núcleo de Desenvolvimento de Carreiras (NDC) da EMESP: o Trio Allium e o Quarteto Benedictus. “Graças ao Guri e à EMESP, eu nunca precisei pagar para estudar música, e também nunca precisei trabalhar com outra coisa que não seja música. Me orgulho muito disso e também sou grata, já que é uma área muito elitista e eu não teria condições financeiras se não houvesse oportunidade”, comentou, complementando sobre a importância da representatividade na área: “A música erudita não é só para pessoas ricas ou brancas. Não quero mais subir em palcos, olhar para os lados e pensar ‘não tem ninguém como eu aqui’. Não quero ser a única! Nem serei.”
Com a aprovação no conservatório suíço, a jovem irá morar pela primeira vez sozinha e tem grandes expectativas de aprendizados, mas também de compartilhamentos. “Tô muito ansiosa pela experiência”, comentou. “Sempre vivi com minha mãe, que apesar de triste pela distância, sempre foi a pessoa que mais me apoiou. Mas também quero voltar! Ampliar meus conhecimentos técnicos sem perder minha essência. Fui para Portugal em 2019 e enquanto estive por lá, pensava o tempo todo em voltar pra compartilhar meus novos conhecimentos com as pessoas daqui. É importante pra mim”.
Joyce iniciará seus estudos na Suíça em setembro e mencionou sobre os desafios da preparação: “Muita gente fala que minha timidez vai ser uma barreira, mas estão enganados. Inclusive foi muito importante todos os cursos profissionalizantes que fiz por meio do NDC da EMESP. O mais desafiador é conciliar tudo. Faço alemão todos os dias, faço inglês, estudo música, me apresento com os grupos artísticos e ainda trabalho em colégio dando aula de música para crianças. Mas estou animada para a viagem e quero voltar pronta!”
Por fim, a jovem comentou sobre sua lembrança favorita no Coral Jovem do Estado. “A melhor experiência que tive foi com a música Summertime, de Ella Fitzgerald, porque é uma música que é interpretada tanto em versões de jazz como mais clássicas. Foi minha primeira vez como solista, lá na Sala São Paulo, e quando acabei foi o momento em que eu finalmente aceitei que como cantora eu poderia fazer qualquer tipo de música, popular ou erudita.”
As apresentações de Joyce e do Coral Jovem do Estado podem ser assistidas no Youtube da EMESP Tom Jobim, pelo link youtube.com/tjemesp.
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