Aos 28 anos, Lucas Figueiredo Santana já possui uma carreira profissional que muitos sonham alcançar. Saxofonista formado pela EMESP Tom Jobim, hoje Lucas possui 2 álbuns lançados, integra 4 grupos de musicistas, foi vencedor de diversos prêmios e concursos artísticos, além de ter adquirido, recentemente, o título de mestre pelo Conservatório de Amsterdã, na Holanda. Conheça a história por trás do nosso ex-aluno talentoso.
Nascido em São Paulo, Lucas Figueiredo viveu a infância na cidade de Piracaia, interior do Estado, onde iniciou seus estudos musicais. “Meu primeiro professor foi meu pai, Luiz Santana. Quando eu tinha 6 anos ele me deu um clarinete e começou a me ensinar. Na época ele tinha o sonho de criar uma banda de coreto”, relatou.
Mas foi por uma inspiração inusitada que Lucas quis trocar de instrumento para o que viria a ser o seu de profissão. “Em 2003, estava no ar a novela Mulheres Apaixonadas. Nela, Tony Ramos interpretava um saxofonista, e eu me apaixonei pela elegância e pelo som do instrumento”, riu. “No início meu pai estranhou, mas arranjou um sax usado e me deu uma semana pra aprender. Me dediquei ao instrumento e no final do prazo, já conseguia tocar algumas músicas”.
Com 13 anos, Lucas realizou seus primeiros trabalhos como músico, participando de diversos grupos da Região Bragantina, como a Big Band Juvenil de Atibaia e a Banda Sinfônica Juvenil de Bragança Paulista. “Quando completei 15 anos, percebi que meus amigos estavam indo para a capital para estudar, o que me motivou a realizar provas para conservatórios e escolas de São Paulo. Foi assim que fui selecionado para a EMESP Tom Jobim”, comentou.
Após ingressar a Escola de Música do Estado de São Paulo, Lucas estudou com profissionais renomados. “Fui aluno da disciplina de Saxofone do professor Mané Silveira e de Prática de Conjunto do professor Itamar Collaço, além de outros mestres como Cristina Machado, Paulo Braga e Eduardo Neves”, lembrou. “Sempre tive muito apoio de todos, em especial de Itamar. Ele até me ajudou financeiramente quando precisei voltar para o interior sem condições. Também foi um grande mentor pra mim”.
Foi na EMESP que Lucas teve seu primeiro contato com o Jazz. “Estudei clássicos até os 15 anos. Quando finalmente conheci o jazz, não foi amor à primeira vista”, lembrou. “De início, parecia muito distante das minhas referências, mas depois que conheci a vida e obra de Charlie Parker, um músico que revolucionou o sax na década de 40, me encantei pelo ritmo, que se tornou meu foco”.
Em 2013, aos 19 anos, Lucas passou na seleção para bolsista da Orquestra Jovem Tom Jobim, dedicada especialmente à música popular brasileira orquestral. Desde então, se mudou de vez para São Paulo e participou de diversos concertos regidos pelos maestros Nelson Ayres e Thiago Costa.“Nessa época, comecei também a conhecer e vivenciar os outros grupos artísticos da EMESP. Tive muita vontade de viajar para tocar no exterior, como faziam os garotos da Orquestra Jovem do Estado. Então falei da minha vontade para Fátima Leira, atual gestora do Núcleo de Desenvolvimento de Carreiras da escola, e ela foi bem direta no conselho, me falando: ‘Se quer se destacar, chame a atenção de todos tocando’”, relatou.
Dedicando-se ainda mais aos estudos, Lucas ganhou no ano seguinte o Prêmio Jovem Solista da Orquestra Jovem Tom Jobim, que o proporcionou a experiência de tocar como solista à frente do grupo em um concerto especial. Já em 2016, foi premiado pela Fundação Cultural Latin Grammy com um valor destinado à sua graduação musical, que financiou seus estudos quando o jovem foi selecionado para o Conservatório de Amsterdã. “Com a premiação, tive o privilégio de não pagar o conservatório, mas ainda fui com a cara e a coragem fazer bacharelado. Trabalhei como garçom e barista para me sustentar no período”, ressaltou.
Desde que iniciou sua graduação, Lucas vem desenvolvendo sua carreira na Europa. Em 2017, ganhou o Concurso Internacional de Jazz de Bucareste, na Romênia. Integrou diversos grupos na Holanda como a Dutch Concert Big Band, Jazz Orchestra of Concertgebouw, Four Tops and Temptations e Metropole Orkest. Além de tocas com grandes nomes como Jasper Blom, Simon Rigter, Ferdnand Povel, David Linx, Dennis Mackrell e Alex Sipiagin.
O jovem também fundou projetos pessoais de música, como o “Brazilian Jazz Trio”, o “Lucas Santana & Strings” e o “Trio Pano de Prato”, mas foi com a banda “Lucas Santana 5tet” que ele lançou, em 2021, seu primeiro álbum autoral, o Reflections. “O nome do álbum descreve um pouco da minha jornada musical. Vem exatamente das ‘reflexões’ sobre tudo que aprendi e vivi nesses 6 anos de carreira”, contou.
Em novembro do mesmo ano, mais uma surpresa: Lucas recebeu o Prêmio Keep an Eye Records, com um prêmio de 10 mil euros destinados a produção de um segundo álbum. “Nesta premiação participaram 87 bandas. Somente 7 foram finalistas e 3 premiados. Ficamos em 1º lugar!”, celebrou. “Mas tudo que tinha de repertório foi utilizado no 1º disco. Então, para o segundo, tive que me reinventar. Saí totalmente da minha zona de conforto e foi um desafio gigantesco, mas também muito gostoso. Assim nasceu o Ambivalence”. Os dois álbuns já estão disponíveis gratuitamente nas plataformas digitais (Ouça aqui).
Atualmente, Lucas concluiu seu Mestrado no Conservatório de Amsterdã, tendo como mentores Jasper Blom, Simon Rigter, Ben van Gelder e Dick Oatts. O foco atual do jovem tem sido divulgar os discos lançados, participando em diversos eventos pelos mundo, divulgando sua música e representando o Brasil. Em Julho, tocará no Festival Mundial de Jazz em Amersfoort e em setembro tocará em Budapeste, na Hungria. Confira um pouco mais do seu trabalho:
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