Software capacita professores no ensino de música para deficientes visuais
Músicos com deficiência visual já podem contar com uma nova e eficiente ferramenta de trabalho e aprendizado: o software Musibraille, projeto que será lançado em São Paulo na sede da Tom Jobim EMESP – Escola de Música do Estado de São Paulo de 21 a 23 de outubro, com o objetivo de capacitar professores para o ensino da música aos portadores de deficiência visual.
Trata-se do primeiro software em língua portuguesa para a transcrição de partituras a utilizar o método Braille, permitindo que o estudante cego faça a transcrição automatizada de textos musicais a partir do papel. O software será distribuído aos professores de música interessados em três dias de capacitação na Tom Jobim – EMESP, totalizando 30 horas de curso. Os participantes receberão, além do software, um livro em tinta, um caderno de exercício em Braille para o professor aplicar ao aluno cego ou vice-versa e um certificado de presença.
Para o professor de violão popular da Tom Jobim EMESP Conrado Francisco Paulino, que dá aulas para deficientes visuais intuitivamente, “sem qualquer técnica em Braille, mas com muita disposição”, como diz, a medida trará aos professores uma didática especial que os auxiliará no ensino teórico do trabalho, dando também maior confiança aos alunos.
Além do software, o projeto prevê disseminação deste conhecimento por meio da criação e manutenção de uma biblioteca virtual de músicas em Braille em todo o país. Atualmente a Tom Jobim – EMESP possui seis alunos deficientes visuais que aprendem violão e outras cordas dedilhadas e uma professora que ensina Musicografia em Braille. Recentemente, a escola contratou uma professora de piano deficiente visual, que já tem uma metodologia própria, e o lançamento deste novo software é mais uma medida da Tom Jobim – EMESP para o melhor desenvolvimento do ensino, permitindo a inclusão social dos alunos já matriculados e dos futuros.
Musicografia Braille
A Musicografia Braille é uma área do estudo da música que está focada em prover o acesso de deficientes visuais e pessoas de visão reduzida ao material musical escrito em tinta através do sistema de grafia Braille. Foi desenvolvida em 1828 pelo francês Louis Braille, que adaptou a técnica para transcrição de textos também desenvolvida para a transcrição musical. Por meio desta técnica um texto musical de qualquer complexidade pode ser transcrito para a forma tátil e facilmente assimilado pelos deficientes visuais.
Toda partitura pode ser escrita com os 63 símbolos Braille, indicando todos os detalhes possíveis em partituras escritas a tinta. Apesar disso, há pouco material e softwares que possibilitem o trabalho nesta área. Muitas vezes este fato é agravado pela falta de experiência dos professores de música para lecionar aos deficientes visuais alegando que é impossível passar o conteúdo das partituras efetivamente.
Isso torna muito difícil a inclusão de músicos deficientes nas escolas e faculdades de música. As partituras em Braille proporcionam sua autonomia e independência e abrem novas possibilidades de trabalho. O uso de software específico pode dar ao músico deficiente a possibilidade de escrever suas próprias composições e ainda imprimi-las em tinta.
Software Musibraille
Foram necessários 10 anos de pesquisa para o desenvolvimento do software. Segundo Dolores Tomé, coordenadora do projeto Musibraille, existem poucos programas de computador disponíveis no mercado para transcrição musical em Braille e, para o contexto brasileiro, esses programas estão fora da realidade uma vez que, além de caros, são incompletos e não emulam voz em português, impedindo a disseminação da utilização direta ou como ferramenta de ensino qualificado. "Além disso, como os professores de música não têm conhecimento da Musicografia Braille, recusam os estudantes por julgarem impossível o aprendizado da partitura musical com efetividade. O projeto Musibraille destina-se a criar condições favoráveis à aprendizagem musical das pessoas com deficiência visual que sejam equivalentes às dos colegas de visão normal. A técnica de Musicografia Braille é uma das principais ferramentas que permitem essa equivalência”, diz.
Mais em:
http://intervox.nce.ufrj.br/musibraille/
http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1223679-10406,00-COMPUTADOR+AJUDA+CEGOS+A+COMPOR+MUSICA.html
Serviço:
Lançamento do software Musibraille em São Paulo:
Capacitação gratuita de professores na Tom Jobim – EMESP
Dias: 21 a 23 de outubro de 2009
Local: Tom Jobim EMESP – Largo General Osório, 147 – Luz
Informações: Tel. (55 11) 3585-9888 ramal 9912
Horário: 9h00 às 18h00
Curso de 30 horas com certificado de participação aos professores participantes.
Atenção: inscrições encerradas!
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